Introducing
St. SBB-B
One Band - Two Interviews
Keeping jazz strong in Switzerland
Photo by Jazz Ascona .
St. SBB-B is:
Noah Studer (drums)
Kieran Brot (guitar)
Maurice Storrer (tenor sax)
Isabella Bleisch (alto sax)
Jonas Bucheli (electric bass)
Performing meaningful jazz in Switzerland and beyond.
Coffee Time News and its student-journalists were at Jazz Ascona 2024 and got to do a special interview. We split the cool members of Swiss jazz group St. SBB-B into two teams and they were interviewed separately while being asked the same questions. Let's see how the two different interviews with one special band turned out. Thank you to Noah Studer, Kieran Brot, Maurice Storrer, Isabella Bleisch and Jonas Bucheli for all your time. Good job by Mariana Lopes and Yuri Sundermeyer for conducting the interviews and a special thank you to Tomás Barejo and Maria Santos for their work in transcribing and translating the interview.
Coffee Time News e os seus alunos jornalistas estiveram no Jazz Ascona 2024 e fizeram uma entrevista especial. Dividimos os membros do grupo de jazz suíço St.SBB em duas equipas que foram entrevistadas separadamente enquanto se faziam as mesmas perguntas. Vamos ver como correram estas duas entrevistas com uma banda especial. Obrigado Noah Studer, Kieran Brot, Maurice Storer, Isabella Bleisch e Jonas Bucheli por todo o vosso tempo. Um bom trabalho da Mariana Lopes e Yuri Sundermeyer por conduzirem as entrevistas, e um agradecimento especial ao Tomás Barejo e à Maria Santos pelo vosso trabalho na transcrição e tradução da entrevista.
YURI SUNDERMEYER: Tell me about your daily routine as a musician?
Noah Studer: I normally start with some warmups and just getting into my day with a sort of meditation thing and after that I just start practicing or working on new stuff. Sometimes it’s music, sometimes it’s office work, just writing emails and connecting with other people and I also work on many different projects. I also host concerts and do many different cultural things, so after my morning warmup, it’s just floating through my day.
Kieran Brot: It varies a lot from day to day. Some days, I don’t pick up the guitar at all and other days I’m practicing and playing all the time. So, it really depends. Some days the workflow is more like administrative stuff, like responding to emails, checking out our next tour dates.
Yuri Sundermeyer: Conte-me sobre a sua rotina diária, como um músico.
Noah Studer: Eu normalmente começo o meu dia com uns aquecimentos e com um tipo de meditação, e depois disso começo apenas a praticar ou a trabalhar em coisas novas. Às vezes é música, outras vezes é trabalho de escritório, apenas mandar emails e contactar com outras pessoas, também trabalho em muitos projetos diferentes. Também organizo concertos e faço muitas coisas culturais diferentes, então depois do meu aquecimento matinal, estou simplesmente a sustentar o meu dia.
Kieran Brot: Varia imenso de dia para dia. Em alguns dias, não pego na guitarra, de todo, e noutros dias estou a praticar e a tocar a toda a hora. Por isso, realmente, depende. Em alguns dias, o fluxo de trabalho é mais administrativo, como responder a emails, verificar as datas das nossas próximas tours.
Jonas Bucheli on electric bass
Photo by Jazz Ascona
YURI SUNDERMEYER: : Do you enjoy being on the road? What is the hardest thing about that?
Noah Studer: I cannot really say, because I haven’t been on the road that much yet. But the few times I have been on the road, it was really nice… a big adventure seeing new places and meeting new people and playing my music or the music of my friends for different people who don’t know it. Yeah, it’s really nice to do this, but I think when you do it really often it gets really exhausting, but that’s the future I would say.
Kieran Brot: I guess the same is true for me. I don’t have that much experience with touring. I haven’t played that much outside of my bubble that I know in Switzerland, in Lucerne, but I can say the few times that I’ve been on the road it’s been very rewarding and probably the hardest thing is that physically it can be very tiring and draining, especially on my back and neck, because I really don’t have great posture when I play the guitar. It’s something I really battle with or I simply haven’t bothered to improve it, but that’s the hardest thing. The physical toll.
Yuri Sundermeyer: Gosta de estar na estrada (digressões)? Qual é a coisa mais difícil sobre isso?
Noah Studer: Eu ainda não posso dizer, porque ainda não estive muito tempo na estrada. Mas nos poucos momentos em que estive na estrada, foi bastante agradável... uma grande aventura, vendo novo sítios e conhecendo novas pessoas a tocar a minha música ou a música dos meus amigos para pessoas diferentes que não a conhecem. Sim, é mesmo agradável fazer isto, mas eu acho que quando o fizer frequentemente, torna-se bastante exaustivo, mas esse será o meu futuro diria eu.
Kieran Brot: Eu acho que também se aplica a mim. Não tenho muita experiência em tours. Não tenho tocado muito, fora da bolha que eu conheço na Suíça, em Lucerna, mas nas poucas vezes que estive na estrada tem sido recompensador, e provavelmente a coisa mais difícil é que pode ser cansativo e desgastante em termos físicos, especialmente para as minhas costas e pescoço, porque já não tenho uma boa postura quando toco guitarra. É algo que raramente me causa problemas ou com o que simplesmente não me preocupei para melhorar, mas isso é a coisa mais difícil. O custo físico.
YURI SUNDERMEYER: : What were you doing at thirteen that helped you get to where you are?
Noah Studer: That’s a good question. I think when I was thirteen, I was just learning at school and practicing drums and so I think these are two things that are really precious for me today, because I still have my knowledge from school and I played the drums, so I think these two things were the main part of my life when I was thirteen and I’m still learning today and working on my drum skills.
Kieran Brot: When I was thirteen I was playing a lot of guitar really as I was just starting out with the electric guitar. I played the acoustic guitar first. When I was thirteen, I was just listening to a lot of music that I found interesting, which was mostly heavy metal like Iron Maiden or some progressive rock like Rush, Steven Wilson and stuff like that and just trying to figure out as much as I could about music.
Yuri Sundermeyer: O que fazia quando tinha treze anos e o que o/a ajudou a chegar onde está?
Noah Studer: Essa é uma boa pergunta. Eu acho que quando tinha treze anos, estava só a aprender na escola e a praticar bateria, então penso que estas são as duas coisas que são realmente preciosas para mim, hoje em dia, porque ainda tenho meu conhecimento da escola e tocava bateria. Então, acho que isso era a principal parte da minha vida quando tinha 13 anos e até hoje estou a aprender e aperfeiçoar as minhas habilidades na bateria.
Kieran Brot: Quando eu tinha 13 anos, practicava muito viola. Também eu estava apenas a começar com a guitarra elétrica. Antes tocava guitarra acústica. Quando tinha 13 anos, ouvia muitas músicas que achava interessante, que era principalmente heavy metal como Iron Maiden ou algum rock progressivo como Rush, Steven Wilson e bandas semelhantes e estava a tentar descobrir o quanto eu pudesse sobre música.
Isabella Bleisch on alto sax
Photo by Jazz Ascona
St. SBB-B is ready for a broader audience and they can deliver with the finest of jazz.
YURI SUNDERMEYER: : Are your bandmates your best friends? Is there anyone in the band you didn't know before joining? How do you keep the good vibes going?
Noah Studer: I would say yes, my bandmates are some of my best friends. They’re part of my bigger family and I knew them all before asking them to join my band, so they were my friends or, for example, Kieran, I’ve played with him five or six years. How do we keep the good vibes going? I think it’s just talking with everybody and trying to keep up with them to meet their expectations and also be a nice guy. I am very good at making the band do difficult work, so I think this is a big part of my role as a good “bad” guy.
Kieran Brot: Yeah, I’d say the same thing about my bandmates being some of my best friends for sure. I really enjoy the company they provide and I think that’s a very important part of being in the band, where you spend a lot of time and play together. The personal connection definitely has to be there and I knew everyone in the band before we became a band, but the personal connection has really grown as Noah said. We’ve known each other and played with each other for quite some years and there’s always been that musical connection as well as a personal friendship connection.
Yuri Sundermeyer: Os seus colegas de banda são os seus melhores amigos? Há alguém na banda que não conhecia antes de se terem juntado? Como é que mantém as boas vibrações?
Noah Studer: Diria que sim, os meus colegas de banda são alguns dos meus melhores amigos. Eles são parte da minha família e eu já os conhecia a todos antes de os convidar para se juntaram à banda, então eles já eram meus amigos. Por exemplo, o Kieran, já toco com ele há cinco ou seis anos. Como é que mantemos as boas vibrações? Acho que é apenas falar com todos e tentar acompanhá-los, para alcançar as suas expectativas e também ser boa pessoa. Eu sou muito bom em fazer a banda trabalhar arduamente, então acho que uma grande parte do meu papel é ser o “mau” do grupo.
Kieran Brot: Sim, diria o mesmo sobre os meus colegas serem alguns dos meus melhores amigos, sem dúvida. Adoro a companhia que eles me dão e penso que essa é uma das partes mais importantes de uma banda, onde passas imenso tempo juntos. A conexão pessoal tem mesmo de estar presente e eu conhecia toda a gente na banda antes de sermos propriamente uma banda. Mas a conexão pessoal tem mesmo crescido, como disse o Noah. Nós conhecemo-nos e tocamos há já alguns anos e sempre existiu aquela conexão músical como também aquela conexão pessoal, aquela amizade.
YURI SUNDERMEYER: Is your family 100% supportive of your career choice? Do you have any family members who would like to see you be a dentist?
Noah Studer: I don’t have any family members that would like to see me as a dentist, so I am very happy about this and I’m also very lucky. My parents and my grandparents are extremely supportive of me and of my career. They made and still make many things possible timewise, financially and also emotionally. I think this is a really nice situation. I mean that I am very privileged and I am also very thankful to have parents like these.
Kiernan Brot: My family is also very supportive of what I do. I think in my extended family, there are people that question in my choice to focus on music full-time. My immediate family, like my parents, is very supportive and they go to a lot of gigs, which is always nice. I am very thankful for the support that they provide.
Yuri Sundermeyer: A sua família apoia esta sua escolha de carreira a 100%? Tem algum membro da sua família que gostaria de o ver a ser um dentista?
Noah Studer: Eu não tenho nenhum membro familiar que gostaria de me ver como dentista, então estou muito feliz com isso e também sou muito sortudo. Especialmente, por causa dos meus pais e dos meus avós que me apoiam a mim a 100% e à minha carreira. Eles fizeram e ainda fazem muitas coisas, como a dedicar o seu tempo, apoio financeiro e emocional. Eu penso que isso é uma boa situação. Quero dizer que eu sou muito privilegiado e também agradeço muito por ter pais como estes.
Kieran Brot: A minha família também me apoia muito no que faço. Na minha família numerosa há algumas pessoas que questionam a minha escolha por me focar na música, a tempo inteiro. A minha família mais próxima, apoiam-me muito e vão para vários concertos, o que é sempre fixe. Sou muito agradecido por todo a apoio que eles me providenciam.
Isabella Bleisch (alto sax) with Maurice Storrer on tenor sax
Photo by Jazz Ascona
YURI SUNDERMEYER: : Do you have a ten-year plan? Where do you see yourself in 2035?
Noah Studer: I just answered this question five days ago. It was at a course at school and my teacher asked the same question and I still don’t really have an answer. I think my point that I want to make is to contribute something to the scene in Switzerland or maybe in a broader sense in Europe and that will last more than one moment. Also, when I stop doing things, I want people to keep talking about it and they can remember and they can use stuff that I created. It really is not a ten-year plan; it’s a life plan.
Kiernan Brot: I’m not really sure where I see myself in ten years. It’s tough to say. I would definitely still love to be making music for sure. I think that will definitely be a lifelong thing, because it’s the most rewarding thing for me. Actually making music and listening to music, they are both so important to me. I can’t imagine my life without music. Right now, I’m also teaching guitar, which is kind of what I do to earn some money on the side and I would definitely love to still be doing that in ten years. I also find that to be very rewarding, not just financially obviously, but I find it helps me figure out a lot of stuff about me and it’s kind of nice to look back on these kids and think I was once this kid in a way. Makes you think about the guitar. I remember one of my guitar teachers I had when I was growing up was so important to me and I feel like I have to pass that on and keep the tradition alive. Something that I feel is unfortunately happening is that music is gradually becoming less important in today’s society, maybe not music as a whole, but at least creative music and music that you really have to listen to or intends to be listened to or is created to be listened to on an intellectual level and I’d like to pass that on to my students.
YURI SUNDERMEYER: Tem um plano para daqui a dez anos? Onde se vê em 2035?
Noah Studer: Eu já respondi a esta pergunta há cinco dias atrás. Estava num curso e a minha professora perguntou a mesma coisa, e eu ainda não tenho uma resposta. Acho que o que quero é contribuir para qualquer coisa na Suíça ou talvez numa extensão maior, na Europa. Isso irá durar mais do que um momento. Quando eu parar de fazer coisas, ainda vão falar sobre isso, e ainda se vão lembrar, das coisas que eu criei. Não é um plano de dez anos, é um plano de vida.
Kieran Brot: Não sei, de certeza, onde eu me vejo daqui a dez anos, é difícil dizer. De certeza, ainda gostaria de fazer música. Penso que esse vai ser um plano de vida. A coisa mais gratificante para mim é fazer e ouvir música, são os dois muito importantes para mim. Não imagino a minha vida sem música e agora estou a ensinar guitarra, que é mais ou menos o que faço para ganhar dinheiro extra. Adoraria fazer isso daqui a dez anos. Também acho isso muito gratificante, não só financeiramente, claro, mas também me ajuda a resolver muitas coisas sobre mim. É mais ou menos bom olhar para aquelas crianças e pensar que já fui essa criança, de alguma maneira. Faz-me pensar sobre a guitarra. Lembro-me dos professores de guitarra que eu tinha quando estava a crescer. Eram muito importantes para mim e eu sinto que tenho de ensinar outros e continuar a tradição. Mas acho, infelizmente, que a música está gradualmente a ficar menos importante para a nossa sociedade. Talvez não toda a música, mas a música que é criativa e a música que realmente tem de ser ouvida com mais atenção, a música num nível mais intelectual. Eu gostaria de passar a sabedoria para os meus alunos.
YURI SUNDERMEYER: : Do you have any great fears in life? What worries you the most right now?
Noah Studer: This is a difficult question. I don’t think much about fears. Maybe, my fear is quite rational, so that I don’t have enough to live my life and I have to work or I have to do work that doesn’t make me happy. I think this is the thing THAT fears me the most that I am not able to do great things and I just work for my life and what worries me. At the moment, luckily nothing really worries me. I live quite a peaceful life.
Kieran Brot: I’d say my biggest fear is probably just sickness or disease like for some reason getting cancer or something, because it can happen to anyone. You see people my age getting cancer and it honestly scares me. I think I am very grateful to be healthy. I hope that my lifestyle as a musician doesn’t take a toll on my health someday.
YURI SUNDERMEYER: Tem algum grande medo na vida? O que mais te preocupa agora?
Noah Studer: Essa é uma pergunta difícil. Não penso muito sobre medos. Talvez, o meu maior medo seja o meio racional. Como não tenho dinheiro para viver a minha vida, tenho que trabalhar ou fazer algum trabalho que não me faz feliz. Acho que é isso que me faz sentir que não posso fazer coisas boas e só trabalho para a minha vida e para o que me preocupa. Neste momento, felizmente, nada me preocupa. Vivo uma vida pacífica.
Kiernan Brot: Eu diria que o meu maior medo são provavelmente as doenças ou, por algum movito ter cancro ou algo assim, pode acontecer a qualquer um. Tu vês pessoas da minha idade com cancro e isso assusta-me. Sou muito grato por ser saudável. Espero que o meu estilo de vida como músico não destrua a minha saúde, algum dia.
Isabella Bleisch on alto sax
Photo by Jazz Ascona
YURI SUNDERMEYER: How would you describe your music in words?
Noah Studer: This is another great question that Kieran and I have to answer many times this year in our studies. Describing music in words is quite difficult, because you start quickly using words that are just at best cliches that are a random charade. I think this is problematic because music is such an individual thing. I thought a lot about my music and how to describe it. I still don’t really have an answer. My music is just a mixture. It’s really difficult to describe.
Kieran Brot: I don’t think I have a better answer than you. Honestly, in particular, with this project, St. SBB-B, it’s so difficult to describe, because our music is ever-evolving and ever-changing.
Noah Studer: I think to make music in the moment is the first thing for St. SBB-B and is a real central thing and sort of a surprise factor, so that our music doesn’t sound the same every show. I think this is the only thing we can say, because as Kieran said, it’s always evolving and is always different with more personality. It’s a difficult question, but a really good one.
Yuri Sundermeyer: Como descreveria a sua música em palavras?
Noah Studer: Esta é uma boa questão, a qual tentamos responder várias vezes ao ano. Nos nossos estudos, descrevemos música em palavras, o que é bastante complicado, porque tu começas a usar palavras que são muito clichés… são coisas irreais. Penso que isto é problemático, porque a música é algo muito individual e eu pensava muito sobre a minha música e como descrevê-la. Ainda não tenho uma resposta concreta.
Kieran Brot: Penso que não tenho uma melhor resposta do que a do Noah, honestamente, em particular com este projeto, St. SBB-B. É tão difícil de descrever, porque a nossa música é sempre envolvente e sempre muda.
Noah Studer: Eu penso que fazer música no momento, é para o St. SBB-B, é uma coisa realmente importante e surpreendente, então nesta hora, a nossa música soa diferente a cada espetáculo. Acho que esta é a única coisa que nós podemos afirmar, porque como o Kieran já disse, a nossa música está sempre a evoluir e é sempre diferente, com mais personalidade. É uma pergunta difícil, mas é uma boa pergunta.
Mariana Lopes: Tell me about your daily routine as a musician?
Maurice Storrer: I would say my daily routine surely consists of practicing and organizing my day and planning the week. If it’s the beginning of the week, then I hopefully have some gigs, some rehearsals and some administrative work. You write emails, you organize rehearsals, you text people back and if you still have time, you listen to music, enjoy concerts and be in the scene I would say.
Isabella Bleisch: My daily routine is also on a normal day, probably attending school, then also, on the way to school, I also do some email stuff or stuff I do not enjoy doing, so during the train ride it’s always a great time to do those things. Then practicing, if I have time or find time for that and then go home and chill hopefully.
Jonas Bucheli: My routine is practicing between two and four hours a day and doing some technical routines and then learning some new songs or preparing for concerts.
MARIANA LOPES: Conta-me como é a tua rotina diária, como um músico?
Maurice Storrer: Eu diria que a minha rotina diária consiste em praticar e organizar o dia e fazer os planos para a semana. Se é o início da semana, espero ter uns concertos, praticar e fazer trabalho administrativo. Tu escreves emails, praticas, respondes a mensagens e se ainda tiveres um bocadinho de tempo, ouves música, aprecias concertos e estás na cena, eu diria.
Isabella Bleisch: A minha rotina diária, num dia normal, provavelmente é estar na escola, e também ir para a escola, também escrevo emails ou coisas que eu não gosto de fazer. Então, durante o tempo que ando de comboio, é a oportunidade perfeita para fazer essas coisas. E depois praticar, se eu tiver tempo, ou se arranjar tempo para o fazer, e depois vou para casa descansar.
Jonas Bucheli: A minha rotina diária é praticar entre e duas a quatro horas por dia e fazer rotinas técnicas, e depois aprender músicas novas e preparar os concertos.
Mariana Lopes: : Do you enjoy being on the road? What is the hardest thing about that?
Isabella Bleisch: I enjoy being on the road, but for me the hardest thing is, I think, the sleep schedule, which always changes. I always feel when I have a somewhat regular sleep schedule and then when it shifts, because of gigs and travel and the days get longer and I always feel the effects of that for the next few days.
Maurice Storrer: I can confirm what Isabella just said and I would also say that to eat healthy and being present, like if you have a gig today and play at midnight, to be in the moment and still be present and energetic and not be tired. To basically save up energy for the gig with all the other stuff, like just getting there and doing sound check.
Jonas Bucheli: For me especially, sometimes it’s hard to get some time for me alone, because I need that.
Mariana Lopes: Gosta de estar na estrada (digressões)? Qual é a coisa mais difícil acerca disso?
Isabella Bleisch: Eu gosto de estar na estrada, mas para mim a coisa mais difícil é, eu acho, o horário do sono, que muda sempre. Sinto sempre quando tenho um horário de sono regular e quando é alterado, por causa dos concertos e viagens, os dias ficam mais longos e sinto sempre os efeitos disso durante os próximos dias.
Maurice Storrer: Eu concordo com o que a Isabella disse e também diria comer de maneira saudável e estar presente, como por exemplo se tens um concerto hoje e uma peça de teatro à meia noite, precisas de estar no momento e ainda estar presente e energético, não estar cansado. Basicamente, para conservar energia para o concerto em conjunto com o resto, como chegar lá por exemplo e fazer um teste de som.
Jonas Bucheli: Para mim, especificamente, às vezes, é difícil arranjar tempo sozinho, porque eu preciso disso.
Kieran Brot on guitar
Photo by Jazz Ascona
Mariana Lopes: What were you doing at thirteen that helped you get to where you are?
Maurice Storrer: I would say the most important thing is to keep the joy you have for music and when I was thirteen I think that was when I was joining my first band. That’s when I really got into music and jazz and what would help me was definitely listening to music I enjoyed and trying to understand and catching the vibe of it and to learn how to get there and then I made the decision to go to music school and one thing led to another I would say, but the most important thing is having joy making music.
Isabella Bleisch: I think it was a bit later than thirteen, but I used to go to school for languages like that was my major in Spanish and then I switched to music, but not because of the music itself, but more because I didn’t want to study all those words, but that was a lucky coincidence, because then I realized I actually liked playing music and chose to pursue music professionally.
MARIANA LOPES: O que fazia quando tinha treze anos e o que o/a ajudou a chegar onde está?
Maurice Storrer: Eu diria que a coisa mais importante é manter a alegria que tens pela música, e quando tinha treze anos foi quando me estava a juntar à minha primeira banda. Foi quando realmente investi música e no jazz e o que me ajudava era definitivamente ouvir música que eu gostasse e tentar entender e captar a sua onda, para aprender como chegar lá, e depois tomei a decisão de ir para uma escola de música. Diria mesmo que uma coisa levou a outra, mas o mais importante foi desfrutar e fazer música.
Isabella Bleisch: Eu acho que foi um bocado depois dos treze, mas costumava ir para a escola estudar línguas, e como o meu mestrado era em Espanhol, depois troquei para Música, mas não pela própria música, mais porque não queria estudar todas aquelas palavras. Mas isso foi uma boa coincidência, porque depois entendi que realmente gostava de tocar música, e escolhi seguir música profissionalmente.
Mariana Lopes: Are your bandmates your best friends? Is there anyone in the band you didn't know before joining? How do you keep the good vibes going?
Maurice Storrer: I think having a band identity really starts with spending time together, whether it is with your instrument or just hanging out like getting to know each other like on both a musical basis and a personal level. I would say you really have this feeling of a band when both barometers – music and vibing together as a group. I think my bandmates are definitely very good friends, best friends you could say, and there were definitely some people I didn’t know quite as well before, but then we got together and got to know each other.
Isabella Bleisch: I would also say that we are friends, but we’ve gotten to know each other more by being a band.
Jonas Bucheli: I agree with all of that.
Mariana Lopes: Os seus companheiros de banda são os seus melhores amigos? Existe alguém na banda que não conhecia antes de se juntarem? Como mantém as boas ondas?
Maurice Storrer: Eu acho que ter uma identidade na banda começa por passar tempo juntos, quer seja com o teu instrumento ou apenas a relaxar, conhecendo-nos uns aos outros, ambos numa base musical e num nível pessoal. Eu diria que existe o sentimento de banda, quando ambos os barómetros se conciliam: a música e o relaxar juntos como um grupo. Penso que os meus colegas da banda são definitivamente bons amigos, poderia mesmo dizer melhores amigos, e havia definitivamente algumas pessoas que eu não conhecia tão bem antes, mas depois juntámo-nos e conhecemo-nos melhor una aos outros.
Isabella Bleisch: Eu também diria que nós somos amigos, mas conseguimos conhecer-nos melhor ao formar uma banda.
Jonas Bucheli: Eu concordo com tudo isto.
Band leader Noah Studer on drums
Photo by Jazz Ascona
Mariana Lopes: Is your family 100% supportive of your career choice? Do you have any family members who would like to see you be a dentist?
Maurice Storrer: I was very lucky that my family always supported me and my decision and my career, because they never said that I couldn’t do something that I was into and I think it depends on who we’re talking about. My grandmother, for example, she always asks if I earn enough money and what I am doing after my studies because I think for her generation it really wasn’t a thing to go to music school, because you had to earn money to survive, but for my position, I was very lucky that my family always supported me.
Isabella Bleisch: Before I started studying, my parents were not that fond of my goal of going to music school, but that kind of changed as soon as I got accepted and after that they were okay with my doing what I’m doing now, but up that point they were quite skeptical of my choice.
Jonas Bucheli: My parents don’t… I think they don’t really know what I’m doing, so they accept it, but aren’t very interested in it or they don’t really understand.
Mariana Lopes: A sua família apoia esta sua escolha de carreira a 100%? Tem algum membro da família que gostaria de o ver a ser um dentista?
Maurice Storrer: Eu tive bastante sorte, pois a minha família sempre me apoiou a mim, à minha decisão e à minha carreira, porque nunca me disseram que eu não podia fazer algo em que eu estivesse interessado, e eu acho que depende de quem estivermos a falar. A minha avó, por exemplo, ela pergunta-me sempre se recebo dinheiro suficiente com o que estou a fazer depois de estudar, porque acho que para a sua geração ir para uma escola de música não era algo levado a sério, porque tinhas de ganhar dinheiro para sobreviver. Mas, para a minha posição, fui mesmo sortudo, pois a minha família sempre me apoiou.
Isabella Bleisch: Antes de começar a estudar, os meus pais não apreciaram o meu objetivo de ir para uma escola de música, mas isso acabou por mudar assim que fui aceite. Depois disso, aceitaram o que estou a fazer, mas até aí estiveram céticos sobre a minha escolha.
Jonas Bucheli: Os meus pais não... Penso que eles não sabem bem o que estou a fazer, então aceitam-no, mas não estão muito interessados nisso ou não entendem.
Jazz Ascona is back for the summer of 2025.
Check it out as it runs from June 26th to July 5th.
Mariana Lopes: : Do you have a ten-year plan? Where do you see yourself in 2035?
Isabella Bleisch: I have no idea. I don’t have a plan.
Maurice Storrer: I can’t really say, because I think life is so volatile and can change so quickly. I think, or I have a feeling, that it must be, or it’s going to be, all right… everything is going to be all right if I keep pushing and doing what I love and I think that’s my goal: to just invest time and energy and effort in music and projects that I love and I love doing and I’m sure I’m going to find a way to make it. I don’t know what it’s going to be in ten years, but if you just keep pushing and love what you’re doing you’ll make it. I can’t see myself 100%, full-time teaching. I think it would be cool to have one or two days where I’m teaching students or children to balance myself, but I want to have enough time to write and play music and practice going to rehearsals.
MARIANA LOPES: Tem um plano para daqui a dez anos? Onde se vê em 2035?
Isabella Bleisch: Não faço ideia. Não tenho um plano.
Maurice Storrer: Não consigo dizer, pois eu penso que a vida é muito volátil e pode mudar muito rapidamente. Eu acho, ou tenho um pressentimento, que devo estar, ou que vai estar, tudo bem... tudo vai ficar bem, se eu continuar a esforçar-me e a fazer o que eu adoro e acho que esse é o meu objetivo: apenas investir o meu tempo, energia e esforço em música e projetos que eu adoro. E eu adoro fazer isto e tenho a certeza que vou encontrar uma maneira de o fazer. Não sei o que vai acontecer daqui a dez anos, mas se te esforçares e adorares o que fazes, irás ter sucesso. Não me consigo ver a ser um professor a tempo inteiro. Acho que seria fixe ter um ou dois dias, onde ensinasse os alunos ou crianças para equilibrar-me, mas quero ter tempo suficiente para escrever e tocar música e praticar para os ensaios.
The whole band entertaining the crowds at Jazz Ascona
Photo by Jazz Ascona
Mariana Lopes: : : Do you have any great fears in life? What worries you the most right now?
Isabella Bleisch: I would probably say that as the end of my studies closes in that I have to think about how I’m actually going to make a living or more or less support myself outside of the studies and how I will do that, but also where I want to go with my music, so I think the uncertainty surrounding my financial situation or where I want to go with my music are two of my biggest worries.
Maurice Storrer: Yeah, and it’s definitely a big part of my fears, because I invested so much time and I would say that music is my life and there are times I make most of my income from playing music and playing gig and there are some months it’s easy to live, because you got good paying gigs and then there are a lot of months you just have a few gigs, but you still have to pay your bills and it’s a lot of pressure.
Another fear, and it’s more of a creative fear of wondering if I’m good enough. Is my music good enough to present to the audience? I think this, because most of the time you’re your own teacher and nobody says you’ve done enough, so you can always push yourself. It doesn’t matter on which level you play and I always ask myself, “Am I good enough? When will I be good enough?”
Mariana Lopes: Tem algum grande medo na sua vida? Qual é a sua maior preocupação agora?
Isabella Bleisch: Eu provavelmente diria que, enquanto o fim dos meus estudos se aproxima, tenho de pensar em como vou realmente me apoiar, mas também onde quero estar com a minha música. Então, penso que a incerteza à volta da minha situação financeira e onde quero ir com a minha música são duas das minhas maiores preocupações.
Maurice Storrer: Sim, é definitivamente uma grande parte dos meus medos, porque investi muito tempo da minha vida. Diria mesmo que a música é a minha vida e existem alturas em que recebo a maioria do meu dinheiro a tocar música e a fazer espetáculos de música. Há alguns meses onde é fácil viver, porque dás concertos em que te pagam bem e depois há meses onde recebes apenas alguns espetáculos, mas ainda tens de pagar as tuas contas e há bastante pressão. Outro medo, que é um medo mais criativo, é imaginar se sou bom o suficiente. Será que a minha música é boa o suficiente para a apresentar ao público? Eu penso nisto, porque a maioria do tempo tu és o teu próprio professor e ninguém diz que fizeste o suficiente, então podes sempre ir mais longe. Não importa a que nível tu tocas e pergunto-me sempre a mim, "Sou bom o suficiente? Quando sou bom o suficiente?"
Band leader Noah Studer on drums
Photo by Jazz Ascona
Mariana Lopes: How would you describe your music in words?
Isabella Bleisch: Probably improvised energy-based music.
Maurice Storrer: Definitely improvised, most of my music is improvised. It’s kind of dense in an energetic way I’d say.
Mariana Lopes: Como descreveria a sua música, em palavras?
Isabella Bleisch: Provavelmente, é uma música improvisada baseada em energia.
Maurice Storrer: Definitivamente improvisada, a maioria da minha música é improvisada. Eu diria que é um bocado densa, numa maneira energética de o dizer.